terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Personal Learning Environments: Bibliografia Anotada - Artigo 2

Como segundo artigo a analisar, proponho um estudo de caso português:
 
Aresta, M., Pedro L., Santos, C., Moreira, A. (2012). Building Identity in an Institutionally Supported Personal Learning Environment - the case of SAPO Campus. Paper presented at the PLE Conference 2012, Aveiro. Disponível em http://revistas.ua.pt/index.php/ple/issue/view/118. Acedido a 07 de dezembro de 2012.

Partilho a apresentação do Slideshare:



 
Este artigo despertou a minha atenção, por três motivos: o facto de se referir a um PLE com o apoio de uma instituição, a questão da construção da identidade e o facto de ser um estudo de caso realizado numa Instituição do Ensino Superior (IES) portuguesa, algo próximo da minha realidade profissional.

Os autores do artigo realizaram um estudo de caso na Universidade de Aveiro (UA), com o objetivo de analisar a forma como um grupo de treze alunos constrói, gere e perceciona a sua identidade em ambientes formais e informais de aprendizagem.
Reconhecendo os seus alunos como produtores e promotores ativos de conhecimento e a forma como aprendem, trabalham, partilham e interagem, recorrendo a competências como inovação, multidisciplinaridade, colaboração e resolução de problemas, a UA desenvolveu uma plataforma com serviços Web 2.0 integrados (como wikis, blogues, e serviços de partilha de fotografias e vídeos, entre outros), com base na produção e agregação de conteúdos gerados pelos utilizadores, com o objetivo de proporcionar uma infraestrutura tecnológica que promovesse o desenvolvimento de competências de comunicação, partilha e colaboração e, consequentemente, contribuísse para criar experiências de aprendizagem pessoais e relevantes.

Os autores colocam duas questões pertinentes: "when the HEI [Higher Education Institutions] – by presenting the aforementioned technological infrastructure and pedagogical approach – creates the conditions for the development of new ways of learning and building identity, are students confortable in using the institutional scenario to meet their personal and individual learning goals and needs? When given the means, do students transfer their digital skills and identity to a formal institutional scenario?" Segundo os dados recolhidos através das entrevistas e observações realizadas, em ambientes totalmente informais, a participação é mais intensiva (embora seja maioritariamente composta por vídeos musicais e ligações a outras páginas) e os alunos manifestaram a sua preferência por plataformas sociais abertas para partilhar conteúdos mais relacionados com os seus interesses pessoais, sendo que a plataforma institucional foi principalmente utilizada para partilhar questões profissionais e académicas.

Deixo em aberto a seguinte questão: será que as plataformas institucionais, mesmo as que se consideram "mais abertas" ou "menos formais", permitem aos aprendentes a criação de um verdadeiro PLE?  

6 comentários:

  1. Ora viva, Paula

    1. Por detrás de um PLE está sempre uma instituição (ou a dropbox, ou o google, o blogger, o diigo, etc);

    2.O vínculo de confiança (ou laboral) entre a pessoa e a instituição que lhe "cede" a ferramenta, o serviço ou acesso é que define a flexibilidade (ou abertura) de utilização dos dados publicados.

    3. Os aprendentes, na sua circunstância, poderão ter mais ou menos instituições facilitadoras no seu caminho "caótico" de aprendiz.

    Até já,

    Gaspar Amaral
    (13DEZ12 | 02H01)

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    1. Olá Gaspar,
      Com "instituição" eu pretendo referir-me a instituição educativa, ou como refere a Isabelle, de ensino-aprendizagem. Não concordo com a designação de Dropbox, Blogger, Diigo como instituições. Poderão ser (e são-no certamente) muitas outras coisas, mas não instituições no contexto a que nos referimos.

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  2. Retomando a pergunta da Paula, acho que um verdadeiro PLE está independente da plataforma institucional (falando de plataforma institucional de ensino-aprendizagem) ser mais ou menos aberta. A LMS institucional passa a ser uma parte do PLE do aprendente, se as plataformas não se abrirem não passam disso, um ambiente fechado.
    Uma maneira de revendicar autoria de publicações é assina-las na rede, se eu publicar no meu blog por exemplo, é uma maneira de reenvendcar autoria.Poderá limitar a tentação de uma plataforma institucional utilizar estes dados (se for esta, a intuição da plataforma de ensino/prendizagem, mas também não estou a ver).
    Reevendicar privacidade na internet é já uma grande ilusão e há muito tempo, podemos ter uns certos cuidados é evidente, mas ilusões também não é preciso ter muitas.
    Isabelle

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  3. A verdadeira questão é: se são as instituições, nas suas plataformas, que permitem ou pré-selecionam os recursos compatíveis, até que ponto não estão, à partida, a condicionar a construção do PLE?

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  4. Olá, Paula!
    Penso que as duas dimensões não se excluem e prova disso é a nossa unidade curricular. O que talvez nem sempre aconteça é haver, da parte do professor, a abordagem que potencie essa construção e a devida valorização desse instrumento, em termos de avaliação. Como avaliar um PLE? lembro-me que, há uns anos, no ensino presencial, houve a febre dos portefólios. Sentia-se dificuldade em avaliar, sobretudo porque tendemos, no nosso sistema de ensino, a valorizar os produtos e menos os processos. A complexidade inerente à avaliação de um PLE parece-me algo muito interessante. Penso, por isso, que terá de haver, em contexto de aprendizagem formal, a plataforma mais diretiva, onde o professor lançará as bases do que se pretende fazer, mas dando a possibilidade a todos de voarem. Lembrei-me deste texto, que encontrei na net, e que transcrevo de um website brasileiro: «Um coelho, pássaro, peixe, esquilo, pato e etc. resolveram fundar uma escola. Todos se sentaram para escrever o currículo. O coelho insistiu para que a corrida figurasse no currículo. O pássaro insistiu para que o vôo constasse do currículo. O peixe insistiu pela natação no currículo. O esquilo insistiu para que a escalada perpendicular das árvores figurasse no currículo. Todos os outros animais queriam que suas especialidades também figurassem no currículo, de modo que incluíram tudo e depois cometeram o erro glorioso de insistirem para que todos os animais fizessem todos os cursos. O coelho foi magnífico na corrida; ninguém sabia correr como o coelho. Mas insistiram em dizer que era uma boa disciplina intelectual e emocional ensinar o coelho a voar. Assim, insistiram para que o coelho aprendesse a voar e o puseram num galho e disseram: "Voa, coelho!" E o pobre coitado saltou, quebrou a perna e fraturou o crânio. Teve uma lesão no cérebro e depois não conseguia mais correr muito bem. Assim, em vez de ter um A na corrida, teve C. E teve D em vôo, porque estava tentando. E a comissão do currículo ficou satisfeita. O mesmo se deu com o pássaro - voava como um louco por toda parte, dando voltas e reviravoltas, e ia ganhar um A. Mas insistiram para que esse pássaro fizesse buracos no chão como uma toupeira. Claro que ele quebrou o bico e as asas e tudo o mais e aí não sabia mais voar. Mas ficaram muito satisfeitos ao lhe darem um C no vôo, e assim por diante. E sabem quem foi o melhor aluno daquela turma, quando se formou? Uma enguia retardada, que sabia fazer quase tudo razoavelmente. A coruja abandonou os estudos e agora vota contra todos os impostos que tenham a ver com escolas.»

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  5. Gostei da história, pois a escola tradicional está pensada para o tal «aluno homogéneo», não atendendo à individualidade e necessidades de cada um.

    A lei obriga à existência de um programa educativo individual para os alunos com NEE de caráter permanente, mas eu penso que deveria existir um programa individual para cada aluno, em geral.

    Para isso, toda a organização da escola deveria ser repensada.

    Enquanto o modelo tradicional prevalecer, a opção tecnológica alinhará com plataformas mais diretivas e fechadas.

    O mesmo acontece com as instituições/organizações com uma gestão hierarquizada, top-down.

    Quando pensamos em sistemas de informação utilizados na Administração Pública, vemos como são fechados, rígidos e pouco amigáveis.

    No meu serviço usamos dferentes plataformas de gestão documental, de assiduidade, e outras que foram concebidas para satisfazer as necessidades da organização, pensando pouco no utilizador.

    Penso que a utilização de plataformas como o Moodle para dinamizar comunidades já foi um grande passo e a tendência será para uma crescente flexibilização.

    A evolução das tecnologias tratará de criar novas soluções.


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